Amiga da amiga. Ela.

Foi um encontro casual. Uma exposição que nos levou a outra exposição para tudo terminar em uma mesa de bar. Expostos.
Um segundo encontro. Ao acaso. Um pós praia. Eu, ela e a amiga minha e dela. Mais expostos e dispostos ainda ela conta que escreve, fala de uma ideia que gostaria de escrever. Sobre os caldos que tomamos no mar, das ondas que nos viram, desviram, bagunçam tudo. Aquele lapso de instante que não sabemos onde está o chão, onde está o céu. Revirados. O caldo.
Gostei de imediato e quis lhe dar a mão para sair deste liquidificador oceânico. Contei que faço fotos e que tinha algumas que poderiam dar um caldo com o texto do caldo dela. Ela topou, pediu um tempo. Até que o texto veio.
Fiquei sem ar. Adorei ficar sem céu pra pisar e nem saber onde estava o chão pra voar. Voei! Chamei pra ver minhas fotos. Ela curtiu.
Como quem ainda busca o ar, como quem ajeita o cabelo revirado pelo mar, ela pediu um tempo já que não estava querendo mergulhar nesse mar, nesse momento. Buscava terra firme.
A ideia do caldo dela não saiu de mim. Resolvi mergulhar sozinho. Fui de cabeça. Furei ondas, passei da arrebentação, busquei mares mais tranquilos, mas que nada. O que eu quero é o caldo dela, o que eu quero é confundir tudo: mergulhar no céu, nadar no chão, fincar os pés no mar.
E assim, quando me vi e não me achei, eu estava me afogando e respirando no caldo dela.
Obrigado amiga da amiga! O seu caldo me fez nadar!
Friend of a friend. She.
It was a casual meeting. An exhibition that took us to another exhibition to end up on a bar table. Exposed.
A second date. By chance. After the beach meet up. Me, her and my friend and hers. More exposed and even more willing, she says that she writes, she talks about an idea she would like to write. About the times we were knocked over by an ocean wave, the waves that turn us over, turn us around, mess everything up. That lapse of time when we don't know where the ground is, where the sky is. Turned over. Being knocked over.
I liked it right away and wanted to give her a hand to get out of this oceanic blender. I told her that I take pictures and that I had some that could go together with her text. She agreed and asked for a break. Until the text came.
I was out of breath. I loved having no sky to step on and not even knowing where the ground was to fly. I flew! I invited her to come see my photos. She liked it.
As someone who is still seeking air, as someone who straightens her hair tousled by the sea, she asked for a break since she didn't want to dive into that sea at that moment. She was looking for solid land.
Her idea of being knocked over by an ocean wave didn't leave me. I decided to dive alone. I went headfirst. I duck dived, passed the surf, looked for calmer seas, but nothing. What I want is her knocked over ocean waves, what I want is to confuse everything: dive into the sky, swim on the ground, put my feet in the sea.
And so, when I saw myself and couldn't find myself, I was drowning and breathing in her knocked over ocean waves.
Thank you. friend of a friend! Your knocked over ocean waves made me swim!
Fotos, diagramação e edição: Noni Levinson 
Trocas de ideias: Liane RoditiBruno Levinson, Leonardo Ramadinha e Grupo de Estudos Foto Contemporânea
Texto: Bruno Levinson
Photos, layout and editing: Noni Levinson
Brainstorm: Liane Roditi, Bruno Levinson, Leonardo Ramadinha e Grupo de Estudos Foto Contemporânea
Text: Bruno Levinson
Translation: Priscila Levinson

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